sábado, 22 de novembro de 2014

E daí?

Sem outro não sou
Entre mim e ele me perdi
Me perdi entre o corredor e o sofá
E dali nunca mais saí
Apesar da vontade de conhecer a China
Por enquanto a esquina é longínqua que assusta
Prefiro percorrer minhas distâncias no apartamento
E abafar os sonhos com preguiça
Já que sonhar nesses dias anda tão caro

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel

Hoje se foi dessa terra o homem do Barro
E eu percebi que ele pôs em mim um ovo, ovo de passarinho
Que tem que chocar até que voe a pena que vai escrever sentido
Porque o sentido que ele me faz nunca houve igual, e ser pedra era gostoso e me faz querer jogar com palavra
Palavra é bicho bom, poesia é um vento que sopra na espinha
Dividir o arrepio desvenda as almas e acende a luz
E Viva o mestre do sorriso gostoso!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

amor de Osho



então, eu não sei amar.
entre as outras zilhões de coisas que eu também não sei

minha alma deve ser dessas infantes, recém criadas
ainda deve retornar muitas vezes pra corrigir tantos dessaberes
o dessaber de amar
o dessaber do altruísmo, do desinteresse

apesar do não saber
ainda sinto, insisto nisso
sofro porque amo sem saber, mas sofro ainda mais quando vazio

então eu amo do jeito que dá, do jeito que vem pra mim
e tento sem mesmo saber o que tentar
que esse seja o tal sentimento puro ao qual desconheço
que esse me traga mais suspiros que sufocos
e que essa possa ser uma existência intensiva


quinta-feira, 8 de maio de 2014

ínfimidade

[ou o Retorno de Saturno]




Em mim tenho um oceano em tormenta
Ondas que tumultuam, mareiam, e chacoalham razões
Um céu infinito em estrelas
Universo ininteligível
Por onde paira a alma, à deriva no vácuo silencioso
Anestesiada pela moção
Perguntas que se acumulam em desfiladeiros, onde certezas de pó se esvaem no vento e são dragadas para um escuro profundo
Que sorve faíscas e luzes
Um universo único, complexo, incompreensível
Que habita um ínfimo grão de areia, insignificante quando visto no deserto.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

sábado, 1 de março de 2014

O mesmo

Os dois queriam o mesmo
Como não sabiam tê-lo
brigaram

Atacaram-se como se o ataque os fizesse mais inteiros
completasse o que falta

Como se o mesmo fosse ser repartido
e repartido, o mesmo completaria os vazios ambos

tolice

o mesmo só existe se existem dois.